Construção histórica de uma agricultura pensada para gerações futuras

Da Redação FEBRAPDP

Construção histórica de uma agricultura pensada para gerações futuras
Encontros reuniram mais de 850 pessoas interessadas na construção do futuro – Foto: Gabriela Zorzan

“Um marco histórico, um divisor de águas”. Com essas palavras, João Carlos de Moraes Sá (Juca Sá), professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG e presidente da Comissão Técnico-Científico da Federação Brasileira do Sistema Plantio Direto – FEBRAPDP, abre sua fala sobre as percepções que teve a respeito do 18º Encontro Nacional do Plantio Direto na Palha e do 1º Encontro Mundial do Sistema Plantio Direto, realizados entre os dias 5 e 8 deste mês, em Foz do Iguaçu, PR. Do ponto de vista do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná, apoiador dos eventos, a conclusão é bem semelhante. Segundo Edivan Possamai, engenheiro agrônomo, extensionista rural e coordenador estadual do Programa Grãos Sustentáveis, do IDR-Paraná, os encontros serviram a um papel importantíssimo na construção histórica de uma agricultura pensada para as gerações futuras, mas há desafios a ser superados.

 

De acordo com Sá, foi uma oportunidade para celebrar com mais de 850 pessoas os 50 anos do Sistema Plantio Direto no Brasil. Sendo possível, através dos muitos conteúdos apresentados, evidenciar tecnicamente essa história e esse legado, mostrando, por exemplo, como o SPD ajudou a evitar que de 7 a 21 bilhões de toneladas de solos sofressem com erosão; como salvou a camada de solo de até 20 cm numa área que pode chegar a 8,8 milhões de hectares; como promove a economia de água e atua para reduzir a expansão de área, conseguindo produzir alimentos em harmonia com a natureza.

 

“Nossa programação inteira ressaltou aspectos fundamentais do SPD. Logo na palestra magna, na abertura dos eventos, o Dr. Rattan Lal, do Centro de Gerenciamento de Sequestro de Carbono, da Universidade do Estado de Ohio – EUA, Prêmio Nobel da Paz 2007 e Prêmio Mundial da Alimentação 2020, falou sobre a trajetória desde os primórdios da agricultura, quando foram desenvolvidos os primeiros equipamentos e utensílios de uso agrícola, até o momento atual, com toda a modernização existente, evidenciando que agricultura conservacionista fundamentada no carbono é uma solução e uma enorme contribuição para o nosso planeta”, lembra Sá.

 

Ainda segundo ele, todo o restante da programação plenária, que foi dividida em quatro painéis, se harmonizou com palestras de pesquisadores que tiveram um respaldo muito grande de produtores e consultores, mostrando que o que tem sido desenvolvido na pesquisa para dar o suporte técnico-científico para o avanço do sistema vem sendo referendado em ações práticas e processos desenvolvidos a campo.

 

“Além disso, ficou patente que o SPD é o principal caminho, é a principal alternativa para que possamos realmente considerar a nossa agricultura como uma agricultura avançada e de expressão, que representa a sustentabilidade. Nesse sentido, acentuou-se a certeza de que quanto maior a diversidade das plantas, quanto maior integração entre os atributos químicos, físicos e biológicos, quanto maior a preservação do solo e da vida, melhor será a rentabilidade dos produtores, melhor será a longevidade na sua atividade, e também maior será a consciência do bônus de se preservar o ambiente e o solo para gerações futuras”, cita Juca Sá.

 

Desafio

Edivan Possamai destaca o quão gratificante foi a participação do grupo grande de pesquisadores e extensionista do IDR-Paraná nos eventos. O instituto é resultante da fusão do IAPAR e da Emater, que, ao longo dos 50 anos do SPD no estado, tiveram larga contribuição na construção histórica de um modelo de manejo conservacionista tão importante sob o ponto de vista técnico e ambiental, ajudando tornar o Paraná uma referência. O IDR participou desta edição apresentando trabalhos e resumos técnicos.

 

“O SPD é uma referência mundial em produção e conservação ao conseguir unir muito bem esses dois vieses. Nosso desafio hoje é justamente levar esse conhecimento e as experiências que a compartilhamos durante o Encontro Nacional a um número o mais abrangente possível de produtores. Ainda temos muitas dificuldades, pois há agricultores que simplificaram seu sistema de produção, fazem monocultivos, deixando a rotação de culturas (um dos pilares do SPD) de lado em suas propriedades. A gente precisa avançar nesse sentido. Ao mesmo tempo em que celebramos, nos colocamos o grande desafio de continuar a expansão desse trabalho e promoção dessa agricultura mais limpa, mais sustentável, na qual o Sistema Plantio Direto desempenha um papel importantíssimo para a construção histórica de uma agricultura pensada para gerações futuras”, ressalta Possamai.