Governo anuncia crédito para armazenagem

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O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, adiantou na quinta-feira (3), durante visita à Bahia Farm Show, no município de Luís Eduardo Magalhães, que será criado um programa para apoiar a construção de armazéns nas propriedades agropecuárias. A medida integra o Plano Safra 2010/2011, que será anunciado pelo presidente Lula na segunda-feira. Segundo Rossi, o estímulo à armazenagem na propriedade terá financiamento de até R$ 1,3 milhão por produtor, com três anos de carência e 12 para pagamento. Caso os agricultores optem por atuar em conjunto, o crédito pode chegar a R$ 4 milhões. Para o ministro, o programa transforma o produtor num player forte no mercado. "Ele não é obrigado a vender no pico da safra com preços deprimidos. Pode vender quando o preço está bem, na entressafra. Isso muda o resultado da renda." O ministro antecipou que o Plano Safra terá estímulo financeiro aos produtores que usem práticas agronômicas que aumentem a produção e preservem o meio ambiente. A chamada Agricultura de Baixo Carbono (ABC) será a contribuição do setor ao cumprimento das metas de Copenhague. "Será a agricultura que sai na frente para preservar e aumentar a produção de alimento. As duas coisas são compatíveis", frisou Rossi. Questionado sobre o pedido de renegociação de débitos dos agricultores, o ministro salientou que o governo está empenhado em solucionar questões imediatas para que os produtores tenham acesso a recursos para a próxima safra. "Não é num final de governo que vai se resolver uma questão que se tornou estrutural. É um assunto para se equacionar no próximo governo." O diretor da Farsul Francisco Schardong afirmou que o apoio aos armazéns é uma reivindicação antiga. "Ter armazém na propriedade é a forma de o produtor ter renda." O dirigente considerou positivos os prazos e valores, mas ponderou que a compra deve ser permitida tanto para pessoa física quanto para jurídica. O presidente da Fecoagro, Rui Polidoro Pinto, no entanto, acredita que a medida será mais benéfica para outros estados do que para o RS, onde há rede de armazenagem voltada às cooperativas. "O que precisa é modernizar estes armazéns e investir em logística." Polidoro Pinto elogiou o plano ABC e destacou que o Estado foi pioneiro no Plantio Direto, que contribui para o sequestro de carbono. "É prática que tem custo e precisa ser incentivada." Já Schardong criticou o direcionamento das ações apenas para a questão do carbono. "A conservação de Áreas de Preservação Permanente (APP´s) e de reserva legal tem custo e precisa receber estímulo. E isso precisa ser arcado pelo governo federal", ponderou. A expectativa é que o Plano Safra oferte valor próximo a R$ 100 milhões para a agricultura comercial. "A quantia é boa porque não contempla a todos e grande parte não tem acesso ao crédito", salientou Schardong.