IDR-Paraná discute agricultura sustentável e o uso de bioinsumos em Guarapuava

Por Maria Helena Marçal, IDR-Paraná

IDR-Paraná discute agricultura sustentável e o uso de bioinsumos em Guarapuava
Foto: Divulgação IDR-Paraná

O Paraná se destaca como uma importante região produtora no Brasil. De acordo com a Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab) o Paraná é o maior produtor de proteína animal do Brasil e o segundo maior produtor de grãos. E, a agricultura sustentável e o uso de bioinsumos, têm sido temas relevantes nesse contexto. O IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater) contribui para disseminar conhecimentos técnicos e científicos sobre os benefícios e as práticas adequadas para o uso de bioinsumos. Com o intuito de debater essas soluções organizou, em parceria com o Sindicato Rural de Guarapuava e o GAAS (Grupo Associado de Agricultura Sustentável), o 1° Simpósio Paranaense de Agricultura Sustentável e Uso de Bioinsumos.

O evento aconteceu na cidade Guarapuava e reuniu mais de 500 participantes de diversos estados brasileiros. Agricultura Regenerativa, minicursos, painés com especialistas do setor, manejo da fertilidade com agrominerais regionais - especialmente no âmbito de bioinsumos e remineralizadores de solo - foram alguns dos destaques do simpósio.

A programação do evento discorreu por painéis com diversos temas, um deles foi Bioinsumos em Sistemas Produtivos. A pesquisadora Diva de Souza Andrade, do IDR-Paraná falou das Microalgas na Agricultura Regenerativa. As microalgas têm um grande potencial na agricultura regenerativa como bioinsumos e em sistemas produtivos. Seu uso pode promover o crescimento e a saúde das plantas, melhorar a qualidade do solo, remediar áreas contaminadas e contribuir para a sustentabilidade ambiental. “A cadeia das microalgas vai atender os objetivos de desenvolvimento da sustentabilidade tão falada, principalmente na captação de dióxido carbono (CO2) , ajudando a mitigar as emissões de gases de efeito estufa. Os países asiáticos sempre usaram as algas e as microalgas como fonte de proteína, logo após a segunda guerra mundial. Porém nosso trabalho tem sido voltado para as plantas “, afirmou a pesquisadora Diva.

O Paraná tem apresentado avanços significativos em relação ao uso de bioinsumos. O estado possui uma legislação específica para a produção e comercialização desses insumos. Regulamentada pela Lei Estadual nº 19.584/2018 estabelece normas para o registro, controle e fiscalização dos bioinsumos, garantindo a qualidade e segurança desses produtos.

No painel de  Biomanejo do Solo,  Arnaldo Colozzi Filho, pesquisador do Instituto apresentou o tópico : Aplicação de Micorrizas na Agricultura Sustentável . Raízes micorrizicas são uma simbiose entre as raízes das plantas e fungos micorrizicos, uma relação benéfica para ambos. Colozzi apontou que os fungos aumentam a capacidade de absorção de nutrientes pelas plantas, especialmente fósforo, além de beneficiar as micorrizas para a estrutura do solo, aumentado a capacidade de retenção de água e reduzindo a erosão.

“Uma planta micorrizada tem muito mais habilidade e condições de se desenvolver e de fazer a fotossíntese, portanto cresce e produz mais raízes. O que sabemos sobre a Biota ainda é muito pouco, estamos descobrindo os processos e avançando mais nesse conhecimento”, completa.

No âmbito das políticas públicas, o Paraná tem buscado incentivar a adoção de práticas sustentáveis na agricultura. O governo estadual tem investido em programas e projetos que promovem a agricultura de baixo carbono, como o Programa ABC Paraná, que incentiva a adoção de tecnologias sustentáveis, incluindo o uso de bioinsumos.

O último dia do Simpósio com o tema “Uso Integrado de Bioinsumos e Manejo Sustentável” os painéis discorreram sobre melhoramento genético, manejo biológico e tecnologias para multiplicação de bioinsumos.

O tópico “Uso de Plantas de Cobertura no Manejo Integrado”, abordado pela pesquisadora do IDR-Paraná, Lutécia Beatriz Canalli, mostrou que esta prática está sendo cada vez mais adotada na agricultura, visando a melhorada qualidade do solo, o controle de pragas e doenças, a conservação da água e a redução do uso de agroquímicos . “Com a diversidade dessas plantas além da proteção do solo contra erosão, teremos o aumento da matéria orgânica, a fixação de nitrogênio atmosférico, a melhoria da estrutura do solo além de contribuir para o controle natural de pragas e doenças”, afirmou Lutécia.

É importante destacar que existem questões antagônicas em relação ao uso on farm de bioinsumos. O uso on farm refere-se à produção desses insumos diretamente nas propriedades agrícolas pelos próprios agricultores. Embora essa prática possa trazer benefícios, como redução de custos e maior autonomia dos agricultores, também pode gerar dependência em relação à qualidade e eficácia dos produtos produzidos.

Representando a Seab, o diretor-técnico Benno Doetzer ressaltou - durante a Programação Estadual de Bionsumos do Paraná - que há uma preocupação em garantir o mínimo de qualidade sem interferir ou inviabilizar qualquer tipo de produção on farm ou o processo. “O estado vai usar ferramentas necessárias para apoiar e criar mecanismos de trabalho”, afirma Benno.

Eduardo Martins,  presidente da GAAS (Grupo Associado de Agricultura Sustentável ) , que também palestrou e participou de painéis de discussão , ele lembrou da produção de queijo de leite cru, que depois de autorizados não pararam de ganhar concursos mundiais de qualidade. “Então o pressuposto que temos para lidar com essa questão de qualidade e de risco tem que ser muito bem construído ”concluiu Eduardo. Ainda de acordo com Eduardo, em relação ao posicionamento político, é importante ressaltar que as políticas e estratégias relacionadas à agricultura sustentável e ao uso de bioinsumos podem variar de acordo com os governos e as legislações de cada país. É fundamental que haja um diálogo entre os setores público e privado, bem como o envolvimento da sociedade civil, para promover práticas agrícolas mais sustentáveis e incentivar o uso responsável de bioinsumos.

O presidente do Sindicato Rural de Guarapuava, Rodolpho Botelho elogiou o nível e a qualidade do debate tão importante para a agricultura. “O que a gente quer é uma agricultura que seja produtiva com resultado econômico e com redução de custo. É o que o produtor quer”, completou Rodolpho.

O IDR-Paraná, com a pesquisa e extensão juntos, está voltado a realizar eventos técnicos, capacitações e projetos de pesquisa que visam disseminar conhecimentos atualizados e promover a adoção dessas práticas pelos agricultores

Para Vania Moda Cirino, diretora de Pesquisa do Instituto, que mediou o painel de discussão, as Instituições de Pesquisa Pública do Estado Paraná sempre estiveram ao lado do produtor buscando desenvolver tecnologias e conhecimento que auxilie essa produção sustentável. “Precisamos nos unir e sensibilizar os políticos, a comunidade, as pessoas influentes desse país e mostrar que existe uma outra forma de fazer uma agricultura rentável em qualquer sistema produtivo”, finalizou.