ILPF produção de Biomassa Madeira é tema de Tarde de Campo no 19º ENPDP

Da Redação FEBRAPDP

ILPF produção de Biomassa Madeira é tema de Tarde de Campo no 19º ENPDP
Sistema de Integração Lavoura Pecuária Floresta com milho - Foto: Gisele Rosso/Embrapa

“Estamos produzindo 45 m³ de madeira por ha/ano, isso é espetacular, isso é fantástico, isso diversifica a renda, isso reduz o impacto ambiental, você tem melhoria da pecuária, da pastagem, você tem diversificação de renda, redução de risco e por aí vai...”. Ver na prática como isso está sendo possível é o que os participantes da 19º Encontro Nacional do Sistema Plantio Direto, que será realizado entre os dias 9 e 11 de julho, poderão conferir presencialmente durante a Tarde de Campo, no segundo dia do evento, em Luís Eduardo Magalhães, BA. A fala acima é do consultor em ILPF, Ronaldo Trecenti, que juntamente com o engenheiro florestal Moisés Pedreira de Souza, da Associação dos Agrônomos de Luís Eduardo Magalhães, farão a apresentação da Estação 2 - ILPF produção de Biomassa Madeira. Confira abaixo as entrevistas que dão uma prévia do que vai ser apresentado e tem como ponto focal os resultados práticos que a ILPF vem viabilizando na região.  

Sobre o palestrante
Ronaldo Trecenti

·Engenheiro agrônomo pela FFALM, Bandeirantes, PR, com mestrado em Ciências Agrárias, pela UnB
·Consultor Sênior em ILPF no Projeto ABC Cerrado e em BPAs ABC no Projeto FIP Paisagens Rurais
·Consultor Sênior da RT Consultoria Agroambiental Internacional desde 2015
·Responsável pelos Canais Lives ILPF e Podcast PodIntegrar, no YouTube (@roanaldotrecenti270)

Sobre o tema ILPF produção de Biomassa Madeira, qual aspecto o senhor abordará e como essa temática, sob o ponto de vista prático, é importante para o produtor no momento atual?

Ronaldo Trecenti: Vamos apresentar a produção de biomassa de madeira no Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), onde, dependendo do foco do projeto, do planejamento, a gente pode produzir biomassa, madeira, para escoramento na construção civil regional por volta de dois, três anos, uma vez que é possível fazer o corte fazendo um desbaste da floresta. Por volta dos quatro anos e meio, é possível fazer um corte de desbaste para o tratamento de estacas e mourões. Por volta dos seis anos e meio, é possível fazer o corte dessas árvores para a produção de carvão ou lenha para a secagem de grãos. Por volta dos dez ou doze anos, dependendo da região, já é possível fazer o corte dessa madeira para a serraria, dependendo do local florestal e seus perfis de fertilidade de solo, chuva, manejo, práticas, como adubação de cobertura, adubação de formação, controle pragas, formigas, cupins, desrama, é possível então fazer o corte para a serraria. Sempre você vai agregando valor e o valor da madeira vai ganhando expressividade. Então no caso de escoramento para a construção civil, você tem em torno de R$ 40,00/metro, quando você corta isso para tratamento de estacas e mourões, já vai para em torno de R$ 120,00, R$ 150,00/metro. Quando você corta isso para carvão, às vezes pode valer de R$ 80,00 a R$ 150,00, dependendo da região, quando você corta isso para serraria, se você colocar madeira serrada, vai para R$ 1.200, R$ 1.500 a madeira serrada posto no ponto de consumo, como uma empresa de imóveis ou construção residencial ou outros fins de madeira serrada. Hoje, com o ILPF já estamos produzindo em torno de 45 metros cúbicos de biomassa de madeira por ha/ano. Por volta de dez ou doze anos já se tem então essa produção de madeira, somada a uma produção pecuária de 20 arrobas ha/ano. Então nós estamos produzindo mais do que a pecuária extensiva sozinha e mais do que a floresta de eucalipto solteira ou maciço florestal com 1.100 árvores por hectare. Em outras palavras, com 350 árvores por hectare – um terço do maciço florestal – nós estamos produzindo mais do que a média nacional de produção de eucalipto, que é 35 metros cúbicos ha/ano. Nós estamos produzindo 45 metros cúbicos ha/ano, isso é espetacular, isso é fantástico, isso diversifica a renda, isso reduz o impacto ambiental, você tem melhoria da pecuária, da pastagem, você tem diversificação de renda, redução de risco e por aí vai.

 

Para além das informações técnicas, o que particularmente o senhor espera levar ao público que passará pela estação em termos de ação e/ou reflexões acerca da percepção do sistema produtivo e da questão de sua efetiva sustentabilidade?

Ronaldo Trecenti: Esperamos levar para o público a mensagem de que nós temos alternativa para diversificar atividades na propriedade, melhorando a sustentabilidade, melhorando a competitividade, melhorando a resiliência em relação à intensificação das intempéries e mudanças climáticas. Um produtor que está só com pecuária, um produtor que está só com silvicultura ou só com lavoura, está botando os ovos todos num cesto só. Se tropeçar, nem aproveita para fazer omelete. Um produtor que está diversificando, que tem ILPF, quando o preço da arroba do boi está ruim ou do leite, ele tem a atividade da agricultura. Num retorno rápido de investimento, o retorno da lavoura paga os custos de implantação de sistema. E aí então a receita que ele tem na madeira é uma poupança verde. Se o preço da madeira às vezes não está muito bom, ele tem o preço da arroba do boi, que às vezes passa períodos cíclicos de melhora, é o que a gente espera num curto espaço de tempo. A pecuária está passando numa baixa, certo? A commodity de grãos está numa baixa, a madeira está em alta. Daqui a pouco, a madeira pode baixar um pouquinho, mas é uma tendência de se manter porque a demanda está crescente e a oferta de madeira nativa está restritiva por causa da legislação ambiental e a tendência, então, é que aumente a demanda. A gente está vendo o crescimento do setor de celulose. Nós estamos vendo o crescimento na demanda de madeiras de reflorestamento, para serraria, para móveis, para pallets e etc., e nós estamos vendo uma possibilidade num ciclo curto agora, uma não recuperação dos preços de grãos, mas aí então se você tem três possibilidades e uma não está muito boa e outras duas estão boas e razoáveis, a sua sustentabilidade no sistema de produção é maior. Além disso, você tem os ganhos onde você tem um mais um mais um, às vezes a gente tem um resultado que é igual a quatro ou cinco, porque é uma sinergia entre as atividades.

Sobre o palestrante
Moisés Pedreira de Souza

·Engenheiro florestal graduado em Engenharia Florestal pela Universidade Federal de Viçosa - UFV, em 1997
·Mestre em Entomologia pela Universidade Federal de Viçosa - UFV, em 1999
·Professor no Centro Universitário Arnaldo Horácio Ferreira - UNIFAAHF, BA
·Membro da comissão de ética do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia - Crea-BA
·Presidente da Associação dos Agrônomos de Luís Eduardo Magalhães, BA

Sobre o tema ILPF produção de Biomassa Madeira, qual aspecto o senhor abordará e como essa temática, sob o ponto de vista prático, é importante para o produtor no momento atual?

Moisés Pedreira de Souza: A região do oeste baiano, em especial a região extremo-oeste da Bahia, vem se destacando no cenário estadual e no cenário nacional como uma importante região produtora de grãos, fibras e de proteína animal. Contudo, a região extremo-oeste está distante dos grandes centros e isso nos traz um problema que é a nossa matriz energética. As nossas indústrias do oeste da Bahia, elas utilizam na sua totalidade biomassa vegetal como fonte de energia. Nós estamos falando aí dos secadores de grãos das fazendas, estamos falando de padarias, estamos falando de pizzaria, estamos falando das grandes indústrias esmagadoras de soja e também das indústrias produtoras de fertilizantes. Lembrando também que nós temos grandes frigoríficos que são também consumidores de biomassa energética. Pela distância dos grandes centros, nós não temos fornecimento de, por exemplo, um gasoduto. O que nos causa uma dependência direta da necessidade constante de produção de biomassa. É nesse aspecto que o 19º Encontro Nacional do Sistema do Plantio Direto vem fortalecer a necessidade dos produtores do Oeste da Bahia na produção de biomassa de madeira. Sabemos que os sistemas agroflorestais ou a ILPF tem muito mais a contribuir aqui para o Oeste da Bahia. Portanto, nós estamos vendo uma possibilidade de mostrar aos produtores rurais que eles têm, sim, essa oportunidade de aumentar os seus rendimentos.

 

Para além das informações técnicas, o que particularmente o senhor espera levar ao público que passará pela estação em termos de ação e/ou reflexões acerca da percepção do sistema produtivo e da questão de sua efetiva sustentabilidade?

Moisés Pedreira de Souza: A região oeste da Bahia necessita anualmente em torno de 5 mil hectares de eucalipto para fornecimento de biomassas para sua matriz energética. Num ciclo de sete anos, nós imaginamos que nós precisamos de aproximadamente em torno de 40 mil hectares para formarmos o ecossistema de eucalipto. Porém, a região já está com um déficit de produção de madeira, aonde desses aproximadamente 40 mil hectares, nós temos somente uns 15 a 16 mil hectares. Dessa forma, nós já entramos num apagão florestal e isso impacta decisivamente no fornecimento de energia para as indústrias e também na vinda de novos empreendimentos para a região. Por esta razão, o 19º ENPDP é uma oportunidade para os fazendeiros vislumbrarem a oportunidade de produzir biomassa para abastecimento das indústrias do oeste da Bahia. Com o apagão florestal que estamos passando, os últimos anos o preço de biomassa posto na fábrica praticamente duplicou de preço. Isso significa uma oportunidade para que os produtores da região não somente produzam grãos e fibras, mas também que eles passem a ter um perfil de produtor ou fazendeiro florestal.

 

Inscrições e associação à FEBRAPDP

Para participar do 19º Encontro Nacional do Sistema Plantio Direto e ter acesso aos benefícios de associado, que incluem descontos nas inscrições, basta associar-se à FEBRAPDP (link também disponível no site de inscrição do evento). Dentre os benefícios de ser um associado estão: o certificado exclusivo de associado FEBRAPDP; acesso ao Portal de eventos, onde você confere a programação completa de todos os eventos da FEBRAPDP que foram realizados e gravados; participação gratuita em Web-Fóruns Amigos da Terra FEBRAPDP com direito a certificado, e descontos exclusivos em eventos organizados e apoiados pela FEBRAPDP.

A realização do 19º ENPDP é da FEBRAPDP, que conta com a parceria da própria ABAPA, da Associação dos Criadores Gado Oeste da Bahia – Acrioeste, Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia – AIBA, da Associação dos Produtores de Sementes dos Estados do Matopiba – Aprosem, da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia – FAEB/SENAR/Sindicatos, da Fundação Bahia, do Governo do Estado da Bahia, do Sindicato dos Produtores Rurais de Barreiras – SPRB, do Sindicato dos Produtores Rurais de Luís Eduardo Magalhães – SPRLEM, da Universidade Federal do Oeste da Bahia – UFOB e da Universidade do Estado da Bahia – UNEB.