Pesquisa traz recomendação para controle de soja voluntária em consórcio de milho com crotalária

Por Gabriel Faria, Embrapa Agrossilvipastoril

Pesquisa traz recomendação para controle de soja voluntária em consórcio de milho com crotalária
Consórcio de milho com Crotalaria ochroleuca - Foto: Fernanda Ikeda/Embrapa

O controle de soja voluntária em consórcio de milho com crotalária, causando menores danos à crotalária, é um desafio para os produtores. Uma pesquisa desenvolvida pela Embrapa Agrossilvipastoril buscou viabilizar uma recomendação técnica de dose e épocas de aplicação de atrazine para o controle da soja voluntária que seja seletivo para Crotalaria ochroleuca e Crotalaria spectabilis.

 Nos 12 tratamentos conduzidos, nos quais variaram as doses, as épocas de aplicação e as combinações, somente no tratamento com uso de 500g/ha de atrazine em pré-emergência, mais 500g/ha do mesmo produto após 21 dias de emergência é que houve a eficiência no controle da soja voluntária sem causar danos à Crotalaria ochroleuca. Já a Crotalaria spectabilis foi suscetível a todos os tratamentos testados.

 “Atrazine é um herbicida de baixo custo, com várias opções de produtos com esse ingrediente ativo. É muito eficaz no controle da soja voluntária, mas, nas doses recomendadas para o milho solteiro, ela controla também as crotalárias. Então testamos doses reduzidas de atrazine, modalidades e épocas de aplicação pra verificar o que daria certo no consórcio”, explica a pesquisadora da Embrapa Agrossilvipastoril Fernanda Ikeda.

 Na pesquisa foram avaliadas doses de 250g/ha e 500g/ha de atrazine aplicadas em diferentes momentos, como pré-emergência, 14,21 e 28 dias após a emergência, e também combinações da mistura de paraquat + diuron (500+250) em pré-emergência com atrazine (250 e 500) em pós-emergência e somente paraquat com diuron em pré-emergência.

 O trabalho foi realizado antes da proibição do uso do paraquat no Brasil, iniciada em 2021. De toda forma, embora seja seletivo para as espécies de crotalária avaliadas, o produto, na dose usada, não controlou a soja voluntária.

 De acordo com a pesquisadora Fernanda Ikeda, uma alternativa de controle da soja voluntária sem causar danos à crotalária é semear somente o milho, aguardar a emergência das plantas guaxas (voluntárias), fazer a aplicação do herbicida e somente depois semear a crotalária.

 “Essa estratégia não ocasionaria efeito nas duas espécies de crotalária e poderia contribuir também para o controle residual de algumas espécies de plantas daninhas de folhas largas e algumas de folhas estreitas”, afirma a pesquisadora.

 Esta pesquisa foi realizada em casa de vegetação. Com base nos resultados, novos experimentos vêm sendo conduzidos a campo. O objetivo é o de encontrar alternativas que possam ser utilizadas para o controle de soja voluntária pensando no sistema produtivo, nesse caso, no consórcio de milho com crotalária.

 

Os resultados dos ensaios podem ser conferidos em detalhes no Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento nº6, “Seletividade de atrazine e [paraquat + diuron] em Crotalaria spp. e controle de soja voluntária” disponível para acesso gratuito na biblioteca do portal da Embrapa Agrossilvipastoril. Para baixar a publicação, clique aqui.