Projetos Produtor de Água e Paisagens Rurais despertam interesse do Ministério do Meio Ambiente da Alemanha

Por Juliana Miura, Embrapa Cerrados

Projetos Produtor de Água e Paisagens Rurais despertam interesse do Ministério do Meio Ambiente da Alemanha
Foto: Divulgação Embrapa Cerrados

Em visita ao Brasil, o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, Proteção da Natureza, Segurança Nuclear e Defesa do Consumidor (BMUV) da Alemanha, Stefan Tidow, incluiu em seu roteiro uma passagem pela Embrapa Cerrados (DF) na última semana de maio. Junto com uma delegação composta por dez pessoas, Tidow veio em busca de pesquisas sobre gestão e proteção de solos e água no Cerrado. Também demonstrou interesse nos temas estratégias de adaptação da agricultura do Cerrado aos impactos das mudanças climáticas, oportunidades de monetização de serviços ambientais e potencial das áreas degradadas para expansão da produção agrícola. A visita foi organizada pela Agência de Cooperação Técnica Alemã (GIZ).

A pesquisadora Fabiana Aquino apresentou o projeto Produtor de Água no Pipiripau (DF). Na bacia do Ribeirão Pipiripau, que ocupa mais de 23 mil hectares, além da área destinada à preservação ambiental, cerca de 13 mil hectares são utilizados para produção de frutas, grãos e carne. Com apoio da Embrapa Cerrados, os produtores rurais têm adotado práticas agrícolas para melhorar o desempenho agrícola das propriedades e que ao mesmo tempo contribuam para aumentar a captação de água. Entre as ações estão o reflorestamento de áreas, a adequação de estradas rurais e a conservação do solo e da água em áreas produtivas.

Atualmente, 193 produtores participam do programa, concebido em 2001. Por suas ações que contribuem para a revitalização ambiental dessa bacia hidrográfica, eles recebem da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) US$ 25 por hectare por ano como Pagamento por Serviços Ambientais, já que a empresa entende que o trabalho dessas pessoas contribui para o aumento da infiltração da água e recarga do lençol freático, o que potencializa a captação de água para abastecimento público e reduz os custos de seu tratamento. 

Friederike Sabiel, conselheira para Assuntos Ambientais e Climáticos da Embaixada da Alemanha, integrante da delegação, informa que o objetivo da visita foi conhecer o papel da Embrapa em um contexto mais amplo, para além das parcerias que já existem com seu país: “Eu, pessoalmente, achei interessante saber o que já está sendo feito para possibilitar o pagamento dos serviços ambientais, a forma como parte dos agricultores é reembolsada pelo serviço de proteção da água”.

Em um segundo momento, o pesquisador Luiz Adriano Cordeiro apresentou o projeto Paisagens Rurais, coordenado pelo Serviço Florestal Brasileiro e pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), com recursos gerenciados pelo Banco Mundial, o qual já conta com parceria da GIZ. No projeto, o produtor rural é incentivado a fazer a gestão integrada da paisagem. Com a adoção de tecnologias de agricultura de baixa emissão de carbono e de tecnologias produtivas, busca-se aliar a recuperação ambiental com o aumento da produtividade e da renda das propriedades rurais. Para isso, os produtores contam com o apoio dos técnicos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), que acompanha 520 produtores atendidos pelo programa em doze municípios. 

A conselheira diz ser importante entender essa complexidade e variedade do que acontece nas áreas rurais do Brasil, que tem um papel forte na agricultura e também no meio ambiente, para apresentar aos colegas da Alemanha: “Foi importante mostrar essa ligação entre as duas áreas [agricultura e meio ambiente] e apresentar o que está acontecendo no campo e também na pesquisa". Antes da visita à Embrapa, o secretário conheceu a Estação Ecológica de Águas Emendadas. “Foi muito interessante conhecer uma área de preservação e saber o que a pesquisa está fazendo no cenário da agricultura na mesma área do Cerrado”, analisa Sabiel.