Resistência e esforços para levar ao mundo um modelo mais sustentável de agricultura

Da Redação FEBRAPDP

Resistência e esforços para levar ao mundo um modelo mais sustentável de agricultura
Foto: Divulgação CAAPAS

Mostrar ao mundo a sustentabilidade do modelo de uma agricultura pautada no Sistema Plantio Direto. Para além dos desafios internos dos próprios países que congregam a CAAPAS, esta é provavelmente a mais importante missão da entidade. Dentro desta tarefa, um projeto antigo e histórico, finalmente, começa a ganha forma: a realização do 1º Congresso CAAPAS, em Assunção, Paraguai, inicialmente, prevista para os dia 18 e 19 de outubro de 2023. “Este evento tem por objetivo reunir interessados e formadores de opinião para expor, relatar e difundir para o mundo o que a agricultura sul-americana tem feito em relação ao cuidado e conservação do solo através do Sistema Plantio Direto e todos os benefícios advindos”, Marie Bartz, bióloga e pesquisadora do Centro de Agricultura Regenerativa e Biológica / CARE-BIO e do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra (Portugal).

Atualmente, entidades de cinco países compõem a Confederación de Asociaciones Americanas para una Agricultura Sustentable – CAAPAS. Além da Federação Brasileira do Sistema Plantio Direto – FEBRAPDP, fazem parte a Federación Paraguaya de Siembra Directa para una Agricultura Sustentable – FEPASIDIAS, a Asociación Argentina de Productores en Siembra Directa – AAPRESID, a Asociacion Mexicana de Labranza de Conservacion – AMLC e a Asociación Uruguaya Pro Siembra Directa – AUSID. Seus representantes estiveram reunidos nos dias 18 e 19 de outubro, em Mercedes, Província de Soriano, Uruguai para o 1er Encuentro de Agricultura Sostenible & a 23ª Jornada Anual de la Asociación Uruguaya pro Siembra Directa.

“A ideia do congresso faz parte do trabalho de representação internacional. Para isso, vamos reunir stakeholders globais com o propósito de, em âmbito internacional, evidenciar e fortalecer a visibilidade da agricultura sustentável que está sendo feita nestes países do Cone Sul”, explica Rafael Fuentes, pesquisador do IDR-Paraná, diretor da FEBRAPDP e diretor executivo da CAAPAS.

Fincar e fixar

“Apesar de Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai serem os líderes e referência na adoção do Plantio Direto, no entanto, cada país está em processos particulares, mas que ao final das contas é inerente a todos: a adoção do efetivo Sistema Plantio Direto. Esse é um processo a ser trabalhado dentro e entre os países, no entanto, frente ao cenário da agricultura mundial, temos o desafio em fincar e fixar o modelo de agricultura baseado no Sistema Plantio Direto é o melhor para a proteção, o cuidado e a conservação do solo, sua biodiversidade e o ambiente, especialmente perante personalidades e entidades formadoras de opinião em regiões que determinam diretrizes (Europa, EUA e Oriente)”, destaca Marie.

Ainda segundo ela, o carbono foi tema central dos eventos organizados pela AUSID, que fecharam a sequência de eventos ocorridos em cada um dos países do Cone Sul líderes na adoção do Sistema Plantio Direto. “Houve a participação de representantes dos países membros da CAAPAS na programação dos encontros, onde puderam relatar as experiências e desafios que cada país e entidade têm encontrado. Amigos e representantes das CAAPAS prestigiaram em especial as homenagens aos 30 anos da entidade prestada aos ex-presidentes. A reunião com os representantes da CAAPAS discutiu ainda potenciais interações para este ano, entre elas a participação na COP27, que está acontecendo este mês no Egito”, destaca ela.

Sobrevivência

Ivo Mello, ex-presidente da CAAPAS e membro da diretoria da FEBRAPDP, também participou do encontro no Uruguai e lembra que no período da sua gestão, no início dos anos 2000, havia alguma dificuldade para a aceitação de que o Sistema Plantio Direto pode servir de base para a agricultura conservacionista. “Havia resistência por parte de instituições científicas e até instituições de fomento Internacional, como a FAO. Mas, felizmente, isso foi vencido pela obviedade de que o SPD é hoje, com base no conhecimento científico existente, a forma mais sustentável de fazer se agricultura no planeta”, ressalta Mello.

Os 30 anos de existência da CAAPAS tiveram a companhia constante da necessidade de superação de desafios. O ano de 2022 é um bom exemplo do empenho de todos os envolvidos em fazer a causa conquistar o devido espaço pelo mérito da notabilidade de sua causa. Segundo Fuentes, a reunião no Uruguai foi a sexta reunião extraordinária da CAAPAS que aconteceu só este ano, além da Assembleia Geral ocorrida em fevereiro. “A CAAPAS se encontra num processo de reformulação das suas atividades, principalmente na questão ligada à sua comunicação e a sua própria sobrevivência, levando em conta a necessidade que têm os produtores da agricultura sustentável da América, como um todo, na condição de explicar para o mundo como é que se dá essa agricultura que respeita o meio ambiente e produz quase 20% da comida de todo o planeta”, enfatiza.