Soja RR: tecnologia Embrapa representa menor custo ao produtor no RS

Por Joseani Antunes, Embrapa Trigo

Soja RR: tecnologia Embrapa representa menor custo ao produtor no RS
Genética BRS da Embrapa detém 1/3 do mercado de sementes de soja RR no RS – Foto: Luiz Magnante/Embrapa

No Rio Grande do Sul, 63% das sementes de soja comercializadas possuem a tecnologia IPRO (que confere resistência ao herbicida glifosato e a lagartas) e 37% são RR (confere resistência ao glifosato). As cultivares com a tecnologia Roundup Ready (RR), primeira transgênica para a cultura da soja – lançada em 2003 - ainda mantêm o alto potencial produtivo e associa à isenção de cobrança de royalties com a queda da patente, tornando-se assim um atrativo a mais para os produtores.

 Atualmente, a Embrapa detém 1/3 do mercado de sementes de soja RR no Rio Grande do Sul. Na safra 2021/2022, as três cultivares de soja RR da Embrapa para a região fria - BRS 5601RR, BRS 5804RR e BRS 6203RR - podem ocupar 1,8 milhão de hectares na região macrorregião sojícola 1, com base nas áreas inscritas no Ministério da Agricultura para a produção de sementes.

Para avaliar o desempenho das tecnologias RR e IPRO, pesquisadores da Embrapa Trigo compararam os rendimentos da cultivar BRS 5804RR com uma testemunha IPRO, em quatro épocas de semeadura, na safra 2018/2019, em Passo Fundo, RS. Os resultados mostraram rendimentos muitos próximos entre as tecnologias. “Um dos diferenciais da genética de soja da Embrapa é a resistência à podridão radicular de fitóftora, um problema recorrente nos solos da Região Sul, muitas vezes compactados, com excesso de umidade e sem rotação de culturas que favorecem a incidência da doença”, explica o pesquisador Paulo Bertagnolli.

Ausência de taxa tecnológica

 Mesmo com a chegada de novidades no mercado, o menor custo da semente e a boa produtividade mantêm a tecnologia RR no mercado da soja. Conforme a lei de propriedade intelectual, a patente da tecnologia expira após 10 anos no mercado, quando deixa de ser cobrada a taxa tecnológica sobre a venda de sementes.

 Por meio de consulta informal a alguns produtores de sementes no RS foi possível verificar que o preço das sementes de soja, já com o valor da taxa tecnológica incluída, varia de R$ 4,50/kg para tecnologia RR a R$ 11,00/kg para a tecnologia IPRO. “É preciso reconhecer que novas tecnologias podem facilitar o manejo da lavoura. Mas o produtor tem que calcular o limite do investimento nessas novidades para realmente se transformar em lucro”, explica Francisco Falcão, do setor de sementes da Embrapa Trigo.

 Nas três cultivares de soja RR da Embrapa a taxa tecnológica é zero, o que amplia o lucro do produtor devido ao menor custo de produção e produtividade competitiva. “Na genética de soja RR da Embrapa, o produtor não paga taxa tecnológica na compra da semente e nem na entrega dos grãos”, explica Francisco.

 Para Dênio Oerlecke, gerente do departamento técnico da Cotripal, de Panambi, RS, é importante que o produtor tenha opções para diversificar o investimento na lavoura: “Precisamos de bons materiais, tanto com tecnologias que estão vencendo a patente, quanto com novidades que ampliem as opções de escolha do produtor”.

 Na Sementes Stédile, em Passo Fundo, RS, o portfólio de soja conta com 6 cultivares – 2 de soja RR e 4 de soja IPRO. Na safra 2020/2021, a empresa comercializou sementes de soja na proporção de 40% RR e 60% IPRO. Neste ano, a comercialização ficou em 25% para soja RR e 75% para IPRO. Segundo Mário Klein, gerente comercial da Sementes Stédile, a redução gradativa na procura pela soja RR e a preferência pela IPRO se deve a busca do produtor por novidades, além das poucas opções de soja RR no mercado.

Defendemos a liberdade de escolha do produtor e para isso precisamos ter diversidade de tecnologias e, principalmente, de modelos de negócios”, avalia o presidente da Associação dos Produtores de Soja do Rio Grande do Sul, declara o Presidente da Aprosoja RS, Décio Teixeira.

 

Mercado do RS

 A área de multiplicação de sementes de soja registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento(Mapa) para a próxima safra no RS é de 161 mil hectares (ha), onde 10% está destinado à multiplicação de semente RR. Atualmente, 10 empresas estão trabalhando com a produção de sementes de soja RR em 37 cultivares.

 O Rio Grande do Sul é o segundo maior produtor de soja no Brasil. Na safra 2020/2021, os gaúchos cultivaram soja em 6 milhões de hectares, alcançando uma produção de 20 milhões de toneladas de grãos. A semente representou 27% do custo operacional da soja (média CONAB em São Luiz Gonzaga, RS).

 De acordo com os registros do Mapa, 212 cultivares de soja estão indicadas para a próxima safra no Rio Grande do Sul. A maioria está direcionada ao mercado de transgênicos, com as cultivares concentradas em quatro eventos: IPRO (que confere resistência ao glifosato e a lagartas) e RR (resistência ao glifosato), tecnologias que já são usadas pelos produtores de grãos. Na safra 2021/2022, os produtores começam a multiplicar sementes da tecnologia Xtend (resistente ao herbicidas dicamba e glifosato) e I2X (resistente ao glifosato, dicamba e lagartas), mas não haverá disponibilidade para produção de grãos.