Tarde de Campo no 19º ENPDP apresenta in loco resultados de tecnologias sustentáveis

Da Redação FEBRAPDP

Tarde de Campo no 19º ENPDP apresenta <i>in loco</i> resultados de tecnologias sustentáveis
Pés de algodão do oeste baiano em Luís Eduardo Magalhães, BA - Foto: Paulo Augusto Vianna Barroso/Embrapa

O 19º Encontro Nacional do Sistema Plantio Direto, que acontece entre os dias 9 e 11 de julho, em Luís Eduardo Magalhães, BA, terá em seu segundo dia de programação a tradicional e sempre muito concorrida Tarde de Campo. As seis estações programadas contarão com grandes especialistas do cenário nacional, que apresentarão in loco os resultados práticos de tecnologias voltadas para uma agricultura sustentável. O público terá a oportunidade de conferir pessoalmente temas como: Estação 1 – Manejo Com Plantas de Cobertura e Rotação de Culturas para Produção de Algodão, Estação 2 – ILPF produção de Biomassa Madeira, Estação 3 – Biologia e a Dinâmica do Carbono no Solo (Trincheira), Estação 4 – Manejo com Plantas de Cobertura para Descompactação do Solo e DRES (Trincheira), Estação 5 – Bioinsumos e Remineralizadores Grupo de Agricultura Sustentável (GAAS), Estação 6 – Ponte Verde como Alternativa de Cobertura do Solo e Adoção da ILP.

Na reportagem de hoje traremos entrevistas com os pesquisadores responsáveis pela Estação 1 – Manejo Com Plantas de Cobertura e Rotação de Culturas para Produção de Algodão.  Alexandre Cunha de Barcellos Ferreira, pesquisador da Embrapa Algodão, e Heliab Bomfim Nunes, pesquisador da Fundação Bahia e professor do Centro Universitário Arnaldo Horácio Ferreira, em Luís Eduardo Magalhães, BA.

Sobre o palestrante
Alexandre Cunha de Barcellos Ferreira

· Engenheiro agrônomo formado pela Universidade Federal Viçosa – UFV, com mestrado e doutorado em Fitotecnia também pela UFV
· Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa desde 2004, atuando na equipe do cerrado da Embrapa Algodão

Que aspecto exatamente sobre o tema Manejo Com Plantas de Cobertura e Rotação de Culturas para Produção de Algodão o senhor abordará e como essa temática, sob o ponto de vista prático, é importante para o produtor nos dias de hoje, quando sustentabilidade do modelo produtivo e produtividade estão tão entrelaçadas?

Alexandre Cunha de Barcellos Ferreira: Por ocasião do 19º ENPDP eu apresentarei resultados que indicam a viabilidade de se produzir algodão sob sistema plantio direto (SPD), de forma mais sustentável e com ótimas produtividades, contribuindo também para a política pública de agricultura de baixa emissão de carbono, como estratégia para a mitigação das emissões de gases de efeito estufa, de sequestro de carbono e de adaptação às mudanças climáticas. A produção brasileira de algodão foi durante muito tempo realizada apenas sob preparo convencional do solo. Diversos estudos comprovam o efeito negativo dessa prática, que favorece a erosão e a perda da matéria orgânica do solo. Por outro lado, pesquisas científicas realizadas no cerrado, a exemplo das conduzidas no oeste da Bahia, evidenciam que o cultivo do algodoeiro em sistema plantio direto (SPD) melhora a produtividade, favorece o acúmulo de carbono no solo e a ciclagem de nutrientes, especialmente de potássio. A diversificação do SPD do algodoeiro, integrando plantas de cobertura aos esquemas de rotação de culturas, tem se mostrado muito importante para a proteção e a qualidade do solo, com incrementos de produtividade muito evidentes, sobretudo para o algodão e a soja. Nos solos arenosos do cerrado da Bahia, ambiente mais restritivo em termos de precipitação pluvial e de capacidade de retenção de água no solo, foram observados aportes médios anuais superiores a 8 Mg ha-1 de matéria seca de parte aérea e taxa anual de acúmulo de C no solo equivalente a 2 Mg ha-1, no SPD em que o algodoeiro foi rotacionado com milho e soja, integrando as plantas de cobertura Urochola ruziziensis e Crotalaria spectabilis.

 

Para além das informações técnicas, o que particularmente o senhor espera levar ao público que passará pela estação em termos de ação e/ou reflexões acerca da percepção do sistema produtivo e da questão de sua efetiva sustentabilidade?

Alexandre Cunha de Barcellos Ferreira: Uma das mensagens ao público será de que a sustentabilidade produtiva do algodoeiro está diretamente associada ao bom manejo do solo. Portanto, aprimorar o manejo do solo e da cultura e aumentar o estoque de C no solo consistem em estratégias eficazes para o aumento da produtividade e da rentabilidade. O SPD, bem como a diversificação do sistema de produção de algodão, devem ser encarados pelo agricultor como investimento em prol das altas produtividades e da maior segurança produtiva ao longo do tempo.

Sobre o palestrante
Heliab Bomfim Nunes

· Engenheiro agrônomo formado pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Campus IX, Barreiras, BA, com mestrado em Microbiologia Agrícola, pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e doutorado em Agronomia, pela Universidade de Brasília (UnB)
· Pesquisador da Fundação Bahia desde 2023, coordenador dos projetos de pesquisa em Solos
· Professor do Centro Universitário Arnaldo Horácio Ferreira, desde 2022

Que aspecto exatamente sobre o tema Manejo Com Plantas de Cobertura e Rotação de Culturas para Produção de Algodão o senhor abordará e como essa temática, sob o ponto de vista prático, é importante para o produtor nos dias de hoje, quando sustentabilidade do modelo produtivo e produtividade estão tão entrelaçadas?

Heliab Bomfim Nunes: Dividindo o tema da Estação 1 com o Dr. Alexandre, pretendo abordar a importância das plantas de cobertura e do manejo rotacionado sobre a microbiologia do solo. Explicando como o cultivo dividido entre as culturas principais (soja, algodão e milho) e as plantas de cobertura podem elevar as populações de microrganismos benéficos, e reduzir as populações de microrganismos fitopatogênicos. Um importante aspecto quando se tem diversidade de microrganismos no solo é a redundância funcional, termo utilizado na microbiologia do solo, para explicar como mais de um microrganismo pode realizar uma mesma função, sem prejuízos para o sistema produtivo, quando temos uma microbiota diversificada.

Para além das informações técnicas, o que particularmente o senhor espera levar ao público que passará pela estação em termos de ação e/ou reflexões acerca da percepção do sistema produtivo e da questão de sua efetiva sustentabilidade?

Heliab Bomfim Nunes: Pretendo transmitir aos participantes do evento a conscientização de que a sustentabilidade é um termo que engloba vários aspectos do processo produtivo, principalmente técnicos e financeiros. Sendo assim, nem sempre o manejo do solo que apresenta a resposta imediata é o mais sustentável. Visto que, a sustentabilidade financeira de um negócio se percebe ao longo do tempo, e não apenas em um ou dois ciclos produtivos. Logo, o sistema de plantio direto reduz os impactos negativos sobre o solo, e sobre os custos com “preparo do solo”, que são realizados a cada safra no sistema de plantio convencional.

 

Inscrições e associação à FEBRAPDP

Para participar do 19º Encontro Nacional do Sistema Plantio Direto e ter acesso aos benefícios de associado, que incluem descontos nas inscrições, basta associar-se à FEBRAPDP (link também disponível no site de inscrição do evento). Dentre os benefícios de ser um associado estão: o certificado exclusivo de associado FEBRAPDP; acesso ao Portal de eventos, onde você confere a programação completa de todos os eventos da FEBRAPDP que foram realizados e gravados; participação gratuita em Web-Fóruns Amigos da Terra FEBRAPDP com direito a certificado, e descontos exclusivos em eventos organizados e apoiados pela FEBRAPDP.

A realização do 19º ENPDP é da FEBRAPDP, que conta com a parceria da própria ABAPA, da Associação dos Criadores Gado Oeste da Bahia – Acrioeste, Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia – AIBA, da Associação dos Produtores de Sementes dos Estados do Matopiba – Aprosem, da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia – FAEB/SENAR/Sindicatos, da Fundação Bahia, do Governo do Estado da Bahia, do Sindicato dos Produtores Rurais de Barreiras – SPRB, do Sindicato dos Produtores Rurais de Luís Eduardo Magalhães – SPRLEM, da Universidade Federal do Oeste da Bahia – UFOB e da Universidade do Estado da Bahia – UNEB.