Agricultura Regenerativa ganha evento em SC

A agricultura regenerativa vem crescendo e ocupando cada vez mais áreas, corações e mentes no Brasil. A fim de atender à crescente demanda de interesse, nos dias 19 e 20 de julho acontecerá o I Encontro Catarinense de Agricultura Regenerativa, em Chapecó, SC. O evento tem como objetivo, contribuir para a construção de um modelo que alia a segurança alimentar com a Agricultura de Baixo Carbono e Conservacionista. Além disso, pretende servir também para facilitar a inserção de agricultores nesse mercado, promovendo a troca de conhecimentos, a criação de uma rede em torno deste tema e o fortalecimento de parcerias.

O público participante do evento contará ainda com um dia de campo na fazenda Banhado Verde, propriedade da família Alessio, localizada no município catarinense de Faxinal dos Guedes, que é referência neste modelo de agricultura. Ou seja, será uma oportunidade de conferir na prática os resultados efetivos dos conteúdos técnicos adquiridos através de palestras e cases de sucesso trazidas como atrações pelo encontro.

Rentabilidade líquida de 52 sacas por hectare

“O SPD fundamentado nos seus princípios promove a Agricultura Regenerativa”. A frase é de João Carlos de Moraes Sá (Juca Sá), professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG e presidente da Comissão Técnico-Científico da Federação Brasileira do Sistema Plantio Direto – FEBRAPDP, e é embasada em estudos conduzidos na própria fazenda Banhado Verde. “No experimento ficou comprovado que o sistema, há mais de 30 anos em SPD, reduziu em 50% o uso de herbicidas, 20% de fungicidas, 80% de inseticidas e 90% de fertilizantes industriais. Além disso, vem gerando um aporte anual de carbono da ordem de 7,6 ton/ha/ano, equivalente em palhada a 17,1 ton/ha/ano. E na safra 2021/2022, obteve uma produtividade média de 68 sacas por hectares, com um custo de insumos de 10,76 sc/ha e um custo operacional de 4,3 sc/ha, desembocando numa rentabilidade de 51,94 sc/ha", enumera Juca Sá.

Jônadan Ma, presidente da FEBRAPDP, destaca a importância do SPD como um dos alicerces para as práticas regenerativas do sistema produtivo. “O Sistema Plantio Direto é a base para uma agricultura regenerativa, recuperando o carbono, construindo a fertilidade, restaurando a vida no solo e regenerando o ecossistema, onde a produção e o ambiente entram em equilíbrio verdadeiramente sustentável”, diz ele.

A organização do encontro explica que a proposta principal da agricultura regenerativa não é de apenas substituir um insumo químico por outro biológico, e sim reconstruir o ambiente de produção, para que nele a vida no solo prospere e os processos ocorram permanentemente. Através da proteção e estruturação do solo com diferentes fontes de carbono melhorando a infiltração e retenção de água, o ambiente se tornará supressor natural de pragas e doenças e fornecedor constante de nutrientes para as plantas. Promovendo dessa forma, saúde vegetal, animal e humana, preservando os recursos e a rentabilidade do produtor. Tudo isso com tecnologia simples, barata e acessível a qualquer escala de propriedade.

Regenerar é recriar, rearrumar

Entusiasta da agricultura regenerativa, Ademir Calegari, pesquisador do IDR-Paraná e consultor Internacional de Sistema Plantio Direto, lembra que a agricultura regenerativa é aquela que engloba diversos componentes dentro do dinamismo da própria natureza, que procura identificar ou regenerar ou recriar ou buscar a verdadeira vocação daquele sistema produtivo, daquele solo agrícola ou da memória daquele solo. Então, ela revive ou renasce ou faz se tornar novamente à realidade da memória daquele solo de fertilidade, de equilíbrio; então é a busca incessante de equilibrar os atributos e fazer os ajustes de diferentes componentes e aspectos que fazem parte desse amplo complexo do sistema produtivo e sustentável.

“Nesse sentido, regenerar é recriar, rearrumar aquilo que, de uma certa forma, foi deformado ou deixou de estar numa perfeita harmonia dentro da própria natureza, onde a água, o solo, as plantas, as raízes, os organismos do solo micro, meso, macro fauna e flora se equilibram juntamente com macro e micro nutrientes; tudo funcionando por um metabolismo adequado e ideal das plantas, constituindo um sistema cada vez mais produtivo e equilibrado, trazendo benefícios às pessoas e à comunidade”, detalha Calegari.

Convite

“Gostaria de convidá-los para o I Encontro Catarinense de Agricultura Regenerativa, onde falaremos dessa agricultura que faz mais com menos, que devolve a vida para o solo, que resgata as funcionalidades do solo, que observa estritamente os fundamentos do SPD bem feito. Teremos uma temática bem ampla e depois contaremos também com visitação a fazendas, onde poderemos observar todas essas práticas atuando de forma simultânea e ao longo do tempo, bem como os efeitos disso no campo e no solo. Será um prazer imenso recebê-los aqui para que possamos enriquecer com experiências e trocas ainda mais o nosso evento!”, conclama Rodrigo Alessio, engenheiro agrônomo, produtor rural e proprietário da fazenda Banhado Verde, e vice-presidente da FEBRAPDP em SC.

Para mais informações, acesso o site do evento: https://oagroregenera.com.br