Agricultura conservacionista e as gerações futuras: caminhos entrelaçados

Da Redação FEBRAPDP

Agricultura conservacionista e as gerações futuras: caminhos entrelaçados
Foto: Site Rádio EBC

Às gerações futuras. A elas será dedicado o quarto e último painel do 18º Encontro Nacional do Plantio Direto na Palha, que acontece entre os dia 5 e 8 de julho, em Foz do Iguaçu, PR. O objetivo é lançar um olhar para o presente a fim de entender e pensar sobre o que está sendo legado aos que virão, seja na condição de produtores seja na condição de sociedade. Precisamente sobre o tema Olhando as Gerações Futuras, o Painel 4, na tarde do dia 7 de julho, encerra o ciclo de palestras e debates do evento. A Palestra Magna de Encerramento Agricultura Sustentável: Onde Queremos Chegar? será conduzida pelo ex-ministro da Agricultura e presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho - Abramilho, Alysson Paolinelli. 

Três palestras irão compor o painel: A Modernização da Agricultura e a Conservação Ambiental, apresentada pelo produtor rural Luiz Antonio Pradella em Luís Eduardo Magalhães, BA, e vice-presidente da FEBRAPDP na Bahia; O Sistema Plantio Direto nas Américas, a cargo do engenheiro agrônomo e presidente da Asociación Argentina de Productores en Siembra Directa (Aapresid), David Roggero, e Os Avanços da Pesquisa na Relação Manejo de Solo e Ambiente, proferida pelo pesquisador da Embrapa Soja Alvadi Antônio Balbinot Junior. Ao término do painel, haverá um debate com os palestrantes. 

Para conferir a programação completa e garantir sua participação no evento, que engloba também o 1º Encontro Mundial do Sistema Plantio Direto (EMSPD), visite o site: https://plantiodireto.org.br/18enpdp/

De acordo com Rafael Fuentes Llanillo, pesquisador do IDR-PR, e responsável pela organização deste painel, o intuito de abordar as gerações futuras no evento passa também por resgatar os feitos e as experiências dos últimos 50 anos de evolução no Sistema Plantio Direto (SPD) e na agricultura conservacionista, que inovou e foi capaz de romper com um paradigma de 10 mil anos de história de revolvimento de solo nos sistemas produtivos. Em seu lugar, passou-se a imitar a natureza, cobrindo o solo permanentemente com palha de restos de vegetais, aumentando o teor de matéria orgânico como se fosse uma floresta.

“As gerações futuras precisam saber da força que significou essa revolução e precisam também ser incentivadas a manter essa pegada de inovação constante. E isso se faz trazendo pessoas de qualidade produtores, pesquisadores, empresas, líderes para dizer como é que isso foi feito e os resultados que se tem até agora como forma a inspirar os que virão. Pensar no futuro hoje é estar a par do desafio que será alimentar 9 bilhões de pessoas em 2050. Isso vai requerer produzir 70% a mais em relação ao que estamos produzindo hoje. E só vai ser possível com a utilização do SPD aperfeiçoado e ainda incrementado na sua capacidade de resiliência e conservação do meio ambiente”, explica Fuentes.

Em sua explanação, Luiz Pradella tocará na temática da produção com sustentabilidade e conservação ambiental. Neste sentido, ele quer tratar da questão de que o produtor não produz para preservar, e sim que ele preserva para poder produzir. “Este será mais ou menos o rumo da minha apresentação. Abordarei sobre as questões de preservação que vem através da legislação, na parte de reserva ambiental, APPs, licenciamento e todo o arcabouço legal que tem que vir antes da produção propriamente dita. Aliado a isso, vou falar do caso mais específico do oeste da Bahia; como está regularização ambiental no que tange as propriedades e que temos vivido de experiências pela Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia - AIBA com os trabalhos nessa área ambiental, em especial as ações do projeto sobre recuperação de nascentes, de SPD, de sequestro de carbono, estudo de potencial hídrico da região, que está sobre o aquífero de Urucuia, cujo potencial para irrigação é muito grande”, detalha Pradella.

Avanços no SPD
Balbinot vai apresentar os resultados de um trabalho realizado em parceria com Julio Cezar Franchini e Henrique Debiasi, ambos também pesquisadores da Embrapa Soja. O estudo apresenta como o SPD proporcionou vários benefícios ambientais em relação ao sistema convencional, como melhoria da qualidade e conservação do solo e da água e redução do potencial de aquecimento global decorrente da emissão de gases de efeito estufa. 
“A rápida evolução do sistema no Brasil também foi fundamentada no aumento da estabilidade e da produtividade e racionalização dos custos de produção, que se refletiram na competitividade da agricultura brasileira. Por outro lado, ainda há vasto campo para aprimoramento do SPD, uma vez que, na maioria dos casos, o sistema não é conduzido seguindo os fundamentos técnicos, o que gera oportunidades para avanços. Áreas emergentes de pesquisa, desenvolvimento e inovação poderão contribuir para o aprimoramento da qualidade do SPD, uma vez que as tecnologias se conectam, gerando sinergias, assim como ocorreu no passado, quando a modernização das semeadoras, o glifosato e a soja tolerante a esse herbicida facilitaram o uso do SPD em larga escala”. 

O estudo mostra também que o uso de técnicas de genética avançada, como a edição gênica, poderá gerar inovações para o manejo eficiente e preciso de plantas daninhas, insetos praga e doenças, dentre outros atributos, que podem reduzir problemas fitossanitários e aumentar a produtividade em SPD. A geração e a disponibilização de bioinsumos, como novos inoculantes e agentes de controle biológico, também podem melhorar o equilíbrio do sistema.As tecnologias digitais e de automação, como uso de sensores, drones, aprendizado de máquina e índices de vegetação,contribuirão no manejo mais eficiente de cada área, gerando ganhos ao sistema como um todo. 

“O avanço de sistemas que integram a pecuária com lavoura, em SPD, será fundamental para o agro brasileiro, tanto em ambiente tropical como subtropical. Por fim, sistemas de certificação serão cada vez mais relevantes para distinguir processos e produtos, valorizando as práticas mais sustentáveis. Espera-se que a interação de tecnologias emergentes com as já disponíveis contribua para o avanço do SPD no Brasil, sobretudo em termos qualitativos. Para que isso ocorra em plenitude, as ações de pesquisa e desenvolvimento devem ser integradas à transferência de tecnologia, difusão de conhecimentos e comunicação”, detalha.

Descontos
Faltando menos de um mês para o início do 18º ENPDP e do 1º EMSPD, lembramos que ainda é possível obter desconto na inscrição. Até o dia 1º de julho (os eventos começam dia 5 de julho), a inscrição para produtores e profissionais sai por R$ 490,00 e para estudante R$ 340,00. Consulte o link https://plantiodireto.org.br/18enpdp/inscricao para ver todas as condições.