Painel destaca pó de rocha como fertilizante com alto potencial durante Expointer
Da Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar
O pó de rocha pode ser considerado um bioinsumo, indicado para ser utilizado na agricultura, em especial na agricultura orgânica, para melhorar a qualidade do solo, tornando-o saudável, assim como o alimento produzido e o consumidor que deste se alimenta. A indicação foi unânime entre os participantes do painel Bioinsumos: perspectivas e potencialidades, realizado na manhã da última terça-feira, 7, na casa da Emater/RS-Ascar na Expointer 2021 e transmitido de forma simultânea nos canais Facebook e Youtube da Instituição, e que pode ser conferido através do link https://www.youtube.com/watch?v=SnbNduObcUc.
Conduzida pelo extensionista e engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Marcelo Biassusi, o painel contou com apresentações de doutorando Adilson Dalmora, sobre o Uso de Remineralizadores na Agricultura - experiências e conclusões, de Aida Matsumura, da ICB-BioAgritec, e de Paulo Lenhardt, da Bio-C Central de Beneficiamento e Compostagem, e teve apresentação da jornalista Carine Massierer, também da Emater/RS-Ascar.
De acordo com Biassusi, o objetivo do painel é estimular a promoção da saúde do solo, das plantas e dos que se alimentam destas, mostrando a importância das interações dos microrganismos com os compostos para a nutrição do solo. Ele lembrou que em maio de 2020 foi instituído o Programa Nacional de Bioinsumos, que envolve os ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Ciência e Tecnologia, além da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Ibama, Embrapa e Emater/RS-Ascar, entre as instituições representantes da sociedade civil.
Experiências
Há dez anos pesquisando o uso do pó de rocha, o doutorando da Ufrgs e engenheiro ambiental Dalmora falou sobre a pesquisa que desenvolve sobre o Uso de Remineralizadores na Agricultura, a partir da Rochagem, que é a redução da granulometria de rochas de forma a confirmar a presença de macro e micronutrientes necessários para o pleno desenvolvimento das plantas. Ele também avaliou a Legislação dos Remineralizadores, que em 2013 inseriu o pó de rocha na categoria dos fertilizantes, através da Lei 12.890, que regulamentou esse uso, e cuja Instrução Normativa número 5 classifica os pós de rocha e estabelece condições mínimas para o uso de mineralizadores na agricultura.
Dalmora também apresentou Estudos de Casos, como o desenvolvido numa lavoura de soja do Paraná, com biomineralizador extraído de uma pedreira próxima. De acordo com o experimento, foram definidas aplicações, incluindo adubo químico em diferentes proporções. "Na colheita o técnico acompanhou a pesagem de cada parcela. Ele não acreditava no pó de rocha, mas após as confirmações virou um aliado na pesquisa", disse, ao ressaltar o aumento da produtividade com o uso de pós de rocha, e a constatação de que "conforme aumentava a adubação química, o resultado de produtividade foi diminuindo, ou seja, a adubação química inibe os microrganismos", mas isso, segundo ele, requer estudos mais aprofundados.
O outro estudo de caso apresentado foi no município gaúcho de Triunfo, num cultivo de eucalipto de meio hectare, com rocha vinda de Estância Velha, atendendo aos parâmetros definidos pelo Mapa. Foram avaliadas medidas de diâmetros e altura dos eucaliptos com três, seis e nove meses e com um ano de cultivo, utilizando em algumas parcelas o fertilizante NPK em diferentes proporções. Esta experiência foi publicada numa revista científica e na colheita no próximo ano será feita nova medição. "A expectativa é que com o pó de rocha, que libera os nutrientes ao longo do tempo, o resultado seja superior", antecipa o doutorando, que também apresentou o caso estudado no cultivo de tomate, em Santo Antônio da Patrulha, utilizando como rocha o basalto, conhecido comercialmente como saibro. "Todos os tratamentos com pó de rocha comprovam que o uso desse biomineralizador favorece a produção", avalia, ao destacar que o melhor rendimento do tomate foi com a aplicação de uma tonelada de pó de rocha por hectare, "o que sinaliza que nem sempre a quantidade maior dá melhores resultados".
"A mensagem que temos que ter em mente é que que um insumo naturalmente saudável gera um solo saudável e produz alimentos saldáveis, gerando um ser humano também saudável", ressaltou Dalmora.
A professora aposentada em Microbiologia da Ufrgs, Aida Matsumura, que está à frente do ICB BioAgritec, de Porto Alegre, falou sobre a Importância dos microrganismos do solo para a produtividade agrícola, avaliando que a interação de solo, plantas e microrganismos resulta em um solo saudável. "Os microrganismos são muito importantes para a produtividade agrícola, desde a formação do solo, decomposição e transformação da matéria orgânica, ciclagem de nutrientes, fluxo de energia, promoção de crescimento e controle de agentes fitopatogênicos, resultando em um solo benéfico para as plantas", destacou Aida, que cita o escritor Antoine de Saint-Exupéry, com sua célebre fase "O essencial é invisível aos olhos", "ou seja, as colônias bacterianas, de diferentes espécies de bacilos, são essenciais à vida do solo", disse. "A melhor ferramenta para manter uma lavoura sadia e produtiva é preservar o solo", concluiu Aida.
Influências de mestres
Ao falar sobre sua trajetória de vida, desde criança, quando morou com seus avós maternos para estudar numa escola rural, e sobre seus aprendizados na "leitura da vegetação", como observou no painel, até sua atuação no movimento ambientalista e na defesa da agroecologia, aprendendo com quem chama de "mestres", paulo lenhardt defendeu a inclusão do aspecto social nas relações econômicas e produtivas. "Aprendi desde criança a não desperdiçar e a compartilhar", afirmou, ao avaliar que "de um período de 'faltura', levou à fartura". Ele defendeu que para a microvida do solo o elemento básico está na matéria orgânica, que forma o húmus e dá estrutura física para o solo, "tornando-o saudável e gerando plantas e alimentos saudáveis".
"Devo esse legado aos meus antepassados e a mestres, como José Lutzenberger, pois materializou em 1982 um projeto de compostagem de citros em larga escala. Lutz sempre esteve muito à frente do tempo", reafirmou Lenhardr, ao citar ainda o australiano Bill Mollison, que na década de 70 compilou tecnologias de Permacultura do mundo inteiro; a Ana Maria Primavesi e sua filosofia de solo vivo e saudável com matéria orgânica; a Sebastião Pinheiro, que aborda principalmente os efeitos colaterais dos agrotóxicos e do envenenamento do solo e da água e da Eutrofização, enxergando todos os outros seres que coexistem conosco como parceiros da vida; ao escritor Fritof Capra, que em seu livro A Teia da Vida argumenta que todos os seres que coexistem têm sua função e merecem ser respeitados; ao agricultor e criador da agricultura sintrópica Ernst Götsch, que expressa de maneira simples a arte de cultivar o solo; a Amyr Klink, uma referência em quebrar paradigmas "e que mostra que tudo é possível, basta vontade, planejamento e abnegação", e que Lenhardt lembra ter ficado impressionado com seu carro movido a óleo de cozinha reciclado, apelidado carinhosamente de Pasteleira; e a Airton Senna, "que nos desafiou a entender as ondas do amor, que derruba barreiras e comprova que tudo pode ser feito", expressa Lenhardt.
Lenhardt também lembrou a criação da Rede Ecovida de Agroecologia, em 2008, em Passo Fundo, com a proposta de "agricultores organizados gerando credibilidade, um grupo certificando o outro. Na verdade, não criamos, mas sistematizamos o que as comunidades faziam antigamente, comunidades autossuficientes, e que tinham uma capacidade incrível de troca ou partilha", lembra, citando as visitas diárias dos alemães e os filós italianos. "Nas comunidades as pessoas partilhavam sementes, conhecimentos, afetos, solidariedade e amor. Conseguimos sistematizar e criar esse movimento EcoVida, inclundodo no marco legal a inclusão participativa", destaca.
O empreendedor da Bio-C, uma central de compostagem especializada na coleta e processamento de resíduos orgânicos, localizada em Montenegro, conta hoje com uma equipe de 18 pessoas e diz colocar em prática o legado desses mestres. Ao resgatar o histórico da usina de compostagem, Lenhardt avalia que "hoje estamos com um substrato muito bom e o resultado é único. É inacreditável a qualidade do alimento a partir do solo saudável, gerando pessoas saudáveis", disse, ao citar os resultados positivos do uso de pó de rocha com composto orgânico nas culturas de tomate, beterraba, morango, citros, pitaya, além do viveiro de mudas de acácia e lavouras de milho, soja e trigo. "Todos com alta produtividade e gerando alimentos e pessoas saudáveis, o que comprova que o lado social é fundamental dentro do conceito de agroecologia", finalizou.
Da Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar
O pó de rocha pode ser considerado um bioinsumo, indicado para ser utilizado na agricultura, em especial na agricultura orgânica, para melhorar a qualidade do solo, tornando-o saudável, assim como o alimento produzido e o consumidor que deste se alimenta. A indicação foi unânime entre os participantes do painel Bioinsumos: perspectivas e potencialidades, realizado na manhã da última terça-feira, 7, na casa da Emater/RS-Ascar na Expointer 2021 e transmitido de forma simultânea nos canais Facebook e Youtube da Instituição, e que pode ser conferido através do link https://www.youtube.com/watch?v=SnbNduObcUc.
Conduzida pelo extensionista e engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Marcelo Biassusi, o painel contou com apresentações de doutorando Adilson Dalmora, sobre o Uso de Remineralizadores na Agricultura - experiências e conclusões, de Aida Matsumura, da ICB-BioAgritec, e de Paulo Lenhardt, da Bio-C Central de Beneficiamento e Compostagem, e teve apresentação da jornalista Carine Massierer, também da Emater/RS-Ascar.
De acordo com Biassusi, o objetivo do painel é estimular a promoção da saúde do solo, das plantas e dos que se alimentam destas, mostrando a importância das interações dos microrganismos com os compostos para a nutrição do solo. Ele lembrou que em maio de 2020 foi instituído o Programa Nacional de Bioinsumos, que envolve os ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Ciência e Tecnologia, além da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Ibama, Embrapa e Emater/RS-Ascar, entre as instituições representantes da sociedade civil.
Experiências
Há dez anos pesquisando o uso do pó de rocha, o doutorando da Ufrgs e engenheiro ambiental Dalmora falou sobre a pesquisa que desenvolve sobre o Uso de Remineralizadores na Agricultura, a partir da Rochagem, que é a redução da granulometria de rochas de forma a confirmar a presença de macro e micronutrientes necessários para o pleno desenvolvimento das plantas. Ele também avaliou a Legislação dos Remineralizadores, que em 2013 inseriu o pó de rocha na categoria dos fertilizantes, através da Lei 12.890, que regulamentou esse uso, e cuja Instrução Normativa número 5 classifica os pós de rocha e estabelece condições mínimas para o uso de mineralizadores na agricultura.
Dalmora também apresentou Estudos de Casos, como o desenvolvido numa lavoura de soja do Paraná, com biomineralizador extraído de uma pedreira próxima. De acordo com o experimento, foram definidas aplicações, incluindo adubo químico em diferentes proporções. "Na colheita o técnico acompanhou a pesagem de cada parcela. Ele não acreditava no pó de rocha, mas após as confirmações virou um aliado na pesquisa", disse, ao ressaltar o aumento da produtividade com o uso de pós de rocha, e a constatação de que "conforme aumentava a adubação química, o resultado de produtividade foi diminuindo, ou seja, a adubação química inibe os microrganismos", mas isso, segundo ele, requer estudos mais aprofundados.
O outro estudo de caso apresentado foi no município gaúcho de Triunfo, num cultivo de eucalipto de meio hectare, com rocha vinda de Estância Velha, atendendo aos parâmetros definidos pelo Mapa. Foram avaliadas medidas de diâmetros e altura dos eucaliptos com três, seis e nove meses e com um ano de cultivo, utilizando em algumas parcelas o fertilizante NPK em diferentes proporções. Esta experiência foi publicada numa revista científica e na colheita no próximo ano será feita nova medição. "A expectativa é que com o pó de rocha, que libera os nutrientes ao longo do tempo, o resultado seja superior", antecipa o doutorando, que também apresentou o caso estudado no cultivo de tomate, em Santo Antônio da Patrulha, utilizando como rocha o basalto, conhecido comercialmente como saibro. "Todos os tratamentos com pó de rocha comprovam que o uso desse biomineralizador favorece a produção", avalia, ao destacar que o melhor rendimento do tomate foi com a aplicação de uma tonelada de pó de rocha por hectare, "o que sinaliza que nem sempre a quantidade maior dá melhores resultados".
"A mensagem que temos que ter em mente é que que um insumo naturalmente saudável gera um solo saudável e produz alimentos saldáveis, gerando um ser humano também saudável", ressaltou Dalmora.
A professora aposentada em Microbiologia da Ufrgs, Aida Matsumura, que está à frente do ICB BioAgritec, de Porto Alegre, falou sobre a Importância dos microrganismos do solo para a produtividade agrícola, avaliando que a interação de solo, plantas e microrganismos resulta em um solo saudável. "Os microrganismos são muito importantes para a produtividade agrícola, desde a formação do solo, decomposição e transformação da matéria orgânica, ciclagem de nutrientes, fluxo de energia, promoção de crescimento e controle de agentes fitopatogênicos, resultando em um solo benéfico para as plantas", destacou Aida, que cita o escritor Antoine de Saint-Exupéry, com sua célebre fase "O essencial é invisível aos olhos", "ou seja, as colônias bacterianas, de diferentes espécies de bacilos, são essenciais à vida do solo", disse. "A melhor ferramenta para manter uma lavoura sadia e produtiva é preservar o solo", concluiu Aida.
Influências de mestres
Ao falar sobre sua trajetória de vida, desde criança, quando morou com seus avós maternos para estudar numa escola rural, e sobre seus aprendizados na "leitura da vegetação", como observou no painel, até sua atuação no movimento ambientalista e na defesa da agroecologia, aprendendo com quem chama de "mestres", paulo lenhardt defendeu a inclusão do aspecto social nas relações econômicas e produtivas. "Aprendi desde criança a não desperdiçar e a compartilhar", afirmou, ao avaliar que "de um período de 'faltura', levou à fartura". Ele defendeu que para a microvida do solo o elemento básico está na matéria orgânica, que forma o húmus e dá estrutura física para o solo, "tornando-o saudável e gerando plantas e alimentos saudáveis".
"Devo esse legado aos meus antepassados e a mestres, como José Lutzenberger, pois materializou em 1982 um projeto de compostagem de citros em larga escala. Lutz sempre esteve muito à frente do tempo", reafirmou Lenhardr, ao citar ainda o australiano Bill Mollison, que na década de 70 compilou tecnologias de Permacultura do mundo inteiro; a Ana Maria Primavesi e sua filosofia de solo vivo e saudável com matéria orgânica; a Sebastião Pinheiro, que aborda principalmente os efeitos colaterais dos agrotóxicos e do envenenamento do solo e da água e da Eutrofização, enxergando todos os outros seres que coexistem conosco como parceiros da vida; ao escritor Fritof Capra, que em seu livro A Teia da Vida argumenta que todos os seres que coexistem têm sua função e merecem ser respeitados; ao agricultor e criador da agricultura sintrópica Ernst Götsch, que expressa de maneira simples a arte de cultivar o solo; a Amyr Klink, uma referência em quebrar paradigmas "e que mostra que tudo é possível, basta vontade, planejamento e abnegação", e que Lenhardt lembra ter ficado impressionado com seu carro movido a óleo de cozinha reciclado, apelidado carinhosamente de Pasteleira; e a Airton Senna, "que nos desafiou a entender as ondas do amor, que derruba barreiras e comprova que tudo pode ser feito", expressa Lenhardt.
Lenhardt também lembrou a criação da Rede Ecovida de Agroecologia, em 2008, em Passo Fundo, com a proposta de "agricultores organizados gerando credibilidade, um grupo certificando o outro. Na verdade, não criamos, mas sistematizamos o que as comunidades faziam antigamente, comunidades autossuficientes, e que tinham uma capacidade incrível de troca ou partilha", lembra, citando as visitas diárias dos alemães e os filós italianos. "Nas comunidades as pessoas partilhavam sementes, conhecimentos, afetos, solidariedade e amor. Conseguimos sistematizar e criar esse movimento EcoVida, inclundodo no marco legal a inclusão participativa", destaca.
O empreendedor da Bio-C, uma central de compostagem especializada na coleta e processamento de resíduos orgânicos, localizada em Montenegro, conta hoje com uma equipe de 18 pessoas e diz colocar em prática o legado desses mestres. Ao resgatar o histórico da usina de compostagem, Lenhardt avalia que "hoje estamos com um substrato muito bom e o resultado é único. É inacreditável a qualidade do alimento a partir do solo saudável, gerando pessoas saudáveis", disse, ao citar os resultados positivos do uso de pó de rocha com composto orgânico nas culturas de tomate, beterraba, morango, citros, pitaya, além do viveiro de mudas de acácia e lavouras de milho, soja e trigo. "Todos com alta produtividade e gerando alimentos e pessoas saudáveis, o que comprova que o lado social é fundamental dentro do conceito de agroecologia", finalizou.