A olho nu: a biologia do solo e a dinâmica do carbono

Da Redação FEBRAPDP

A olho nu: a biologia do solo e a dinâmica do carbono
Dinâmica em trincheira conduzida por Marie Bartz durante o 18º ENPDP – Foto: Gabriela Zorzan

Entre os dias 9 e 11 de julho, acontecerá no município de Luís Eduardo Magalhães, no oeste baiano, o 19º Encontro Nacional do Sistema Plantio Direto, que, entre os muitos conteúdos relacionados às tecnologias de ponta para uma Agricultura Sustentável, contará em sua programação com as Tardes de Campo. Nelas, os visitantes poderão conferir presencialmente os resultados práticos dos modelos conservacionistas. Temática absolutamente fundamental quando se associa sustentabilidade com rentabilidade, o carbono no solo será objeto da demonstração da Estação 3 - Trincheira: Biologia do solo e a dinâmica do carbono no solo. João Carlos de Moraes Sá, o Juca Sá, e Marie Bartz serão os responsáveis pela apresentação. Confira abaixo as entrevistas que os dois nos concederam para antecipar o que será demonstrado.

Sobre o palestrante:
Dr. João Carlos de Moraes Sá

  • Senior Associate Researcher - CFAES - Rattan Lal Carbon Management and Sequestration Center - The Ohio State University – Columbus, OH, USA
  • Presidente da Comissão Técnica-Cientifica da Federação Brasileira do Sistema Plantio Direto
  • Coordenador Científico do Projeto: SPD - Base para Agricultura Sustentável
  • Bolsista de Produtividade em Pesquisa, Nível 1D – CNPq

Sobre o tema Trincheira: Biologia do solo e a dinâmica do carbono no solo, qual aspecto o senhor abordará e como essa temática, sob o ponto de vista prático, é importante para o produtor no momento atual?

Juca Sá: Irei demonstrar porque o manejo do aporte de carbono ao solo é o componente chave para que a gente possa desenvolver sistemas de produção resilientes, rentáveis e que preservem o solo. Também irei demonstrar, através de técnicas, utensílios e práticas simples porque o carbono controla os atributos químicos físicos e biológicos do solo. E quando nós temos uma estratégia de aumentar o carbono no solo, nós temos uma relação direta com a resiliência, com a rentabilidade e com a saúde do solo. Então, nessa primeira parte procurarei mostrar exatamente essas relações e por que que os tipos de cobertura podem contribuir tanto para o sistema radicular quanto para a parte aérea.

 

Para além das informações técnicas, o que particularmente o senhor espera levar ao público que passará pela estação em termos de ação e/ou reflexões acerca da percepção do sistema produtivo e da questão de sua efetiva sustentabilidade?

Juca Sá: Minha ideia é evidenciar que para que possamos ter sistemas sustentáveis, é fundamental o produtor entender que o caminho é investir numa agricultura de carbono. O que que significa isso? Significa tentarmos converter o carbono que é fixado pela fotossíntese nas plantas cultivadas e convertê-lo, o máximo possível, em carbono do solo. Então, estamos fazendo uma ponte entre a atmosfera e o solo. E isso, na prática, vai permitir ao produtor revitalizar todos os ciclos biológicos no solo. Vou demonstrar também que os produtores que adotam o Sistema Plantio Direto, fundamentado nos seus princípios, que são a ausência de revolvimento, manutenção da cobertura permanente e diversificação dos sistemas de rotação, conseguem ter uma rentabilidade de 20% a 40% superior aos produtores que não adotam esse sistema. Então, é um caminho chamado de ganha-ganha.

Sobre a palestrante:
Marie Bartz

Filha de agricultor, possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Maringá (2003), mestrado em Agronomia, pela Universidade Estadual de Maringá (2007) e doutorado em Agronomia, pela Universidade Estadual de Londrina (2011), ambos com ênfase na área de solos. Atualmente é pesquisadora no Centro Municipal de Cultura de Desenvolvimento, na parceria Organic Farming - Parceria para Agricultura e Produção Biológica, via Centro de Agricultura Regenerativa e Biológica e no Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra em Portugal, é professora visitante na Pós-Graduação em Agronomia da Universidade Estadual de Maringá e diretora secretária da Federação Brasileira do Sistema Plantio Direto – FEBRAPDP no Brasil.

Sobre o tema Trincheira: Biologia do solo e a dinâmica do carbono no solo, qual aspecto a senhora abordará e como essa temática, sob o ponto de vista prático, é importante para o produtor no momento atual?

Marie Bartz: Do que remete a minha expertise, a biologia do solo, eu espero sensibilizar e explorar com o público este universo desconhecido sob os nossos pés que é a biodiversidade do solo. A vida do solo possui papel preponderante sobre os processos químicos e físicos do solo, e, claro, consequentemente, do carbono estocado no solo. Ou seja, se o produtor tem por objetivo otimizar seus rendimentos (aumentando produtividade e reduzindo custos), ele obrigatoriamente precisa trabalhar seu manejo de forma que ele construa um solo vivo, o qual o auxiliará nesse processo na resiliência do seu sistema produtivo. A ideia na trincheira será mostrar no perfil a atividade biológica (visível a olho nu) no solo, especialmente através das estruturas biogênicas presentes. No entanto, como estamos falando de vida, o que eu conseguir mostrar ou não dependerá totalmente das condições do campo experimental e do manejo realizado anteriormente. Ficaste em dúvida do que é resiliência ou estruturas biogênicas ou mesmo porque a vida do solo depende do histórico de manejo? Venha participar conosco do 19º Encontro Nacional do Sistema Plantio Direto para esclarecer o que isso significa!

 

Para além das informações técnicas, o que particularmente a senhora espera levar ao público que passará pela estação em termos de ação e/ou reflexões acerca da percepção do sistema produtivo e da questão de sua efetiva sustentabilidade?

Marie Bartz: Meu avô, Arnold Bartz, sempre dizia "Você não pode lutar contra a Natureza" e meu pai, nosso lendário pioneiro do Plantio Direto Herbert Bartz: "A Natureza não aceita propinas!". Ou seja, espero que os participantes após passarem pela nossa trincheira, percebam que a Natureza e os processos biológicos, principalmente os que ocorrem no solo, são um aliado. No entanto, para que o agricultor tenha essa vida trabalhando em prol do seu sistema produtivo, o que ele faz e oferece nas suas práticas de manejo determinarão essa resposta da vida do solo.

 

Inscrições e associação à FEBRAPDP

Para participar do 19º Encontro Nacional do Sistema Plantio Direto e ter acesso aos benefícios de associado, que incluem descontos nas inscrições, basta associar-se à FEBRAPDP (link também disponível no site de inscrição do evento). Dentre os benefícios de ser um associado estão: o certificado exclusivo de associado FEBRAPDP; acesso ao Portal de eventos, onde você confere a programação completa de todos os eventos da FEBRAPDP que foram realizados e gravados; participação gratuita em Web-Fóruns Amigos da Terra FEBRAPDP com direito a certificado, e descontos exclusivos em eventos organizados e apoiados pela FEBRAPDP.

A realização do 19º ENPDP é da FEBRAPDP, que conta com a parceria da própria ABAPA, da Associação dos Criadores Gado Oeste da Bahia – Acrioeste, Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia – AIBA, da Associação dos Produtores de Sementes dos Estados do Matopiba – Aprosem, da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia – FAEB/SENAR/Sindicatos, da Fundação Bahia, do Governo do Estado da Bahia, do Sindicato dos Produtores Rurais de Barreiras – SPRB, do Sindicato dos Produtores Rurais de Luís Eduardo Magalhães – SPRLEM, da Universidade Federal do Oeste da Bahia – UFOB e da Universidade do Estado da Bahia – UNEB.