VIII RPCS começa dia 16 com foco no Sistema Plantio Direto

Por Núcleo Paranaense de Ciência do Solo

VIII RPCS começa dia 16 com foco no Sistema Plantio Direto

Este ano, o objetivo da VIII Reunião Paranaense da Ciência do Solo (RPCS) é reforçar a importância da adoção do Sistema Plantio Direto para a conservação do solo e da água. O evento ocorre em formato híbrido (presencial e on-line), de 16 a 18 de maio de  2023, no Centro Universitário Unisep, em Dois Vizinhos (PR).       

Com o tema “Conservação do Solo e da Água no PR: avanços, retrocessos e (re)usos”, a RPCS já é considerada um dos eventos técnico-científicos mais tradicionais que ocorrem no Estado, reunindo  pesquisadores, extensionistas, técnicos, representantes e empresários do setor agropecuário, além de acadêmicos da graduação e pós-graduação das áreas de Ciências Agrárias.

Promovida pelo Núcleo Paranaense de Ciência do Solo, vinculado à Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (NEPAR-SBCS), esta edição da RPCS é organizada pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Campus Dois Vizinhos em parceria com os Campi Pato Branco, Francisco Beltrão e Santa Helena, e também instituições como Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), Instituto Federal do Paraná (IFPR-Palmas) e Centro Universitário de Dois Vizinhos (UNISEP).

Este ano, a RPCS trará para o centro do debate os 50 anos do Sistema Plantio Direto (SPD) no Paraná, tecnologia genuinamente paranaense, com enfoque na questão de manejo e conservação do solo e água, que se baseia em aplicar práticas que promovam o uso sustentável do solo e água, planejando ações que permitam seu uso ao longo do tempo, porém, sem degradá-lo.

O presidente da Comissão Organizadora da VIII RPCS, professor Paulo César Conceição, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) de Dois Vizinhos, destaca que o tema foi pensado priorizando fomentar o debate sobre os 50 anos do SPD, completados em 2022, bem como os desafios e perspectivas para o seu futuro na visão de pesquisadores. “Queremos reforçar as práticas conservacionistas e a adoção deste sistema de manejo para melhoria da qualidade de solo e água, aumentando e estabilizando a renda da agropecuária”, afirma Conceição.

Segundo ele, quando se fala em manejo do solo e água, é preciso trabalhar em conjunto com a biologia, a física e a química, a fim de manter o solo saudável. “Os painéis vão abordar essas Ciências, bem como falar da extensão rural e das perspectivas futuras do solo para os próximos 20 anos”, explica o professor, acrescentando que o objetivo é sensibilizar os participantes da RPCS sobre a necessidade de ampliar as ações que potencializam o uso adequado dos recursos solo e água, visando garantir um ambiente sustentável para as gerações futuras.

O evento traz um perfil um pouco diferente dos anteriores. Além das palestras e apresentação dos trabalhos acadêmicos, ao final do evento, será realizado um dia de campo para mostrar e debater os conhecimentos gerados na UTFPR, em estações focadas com temas ligados ao SPD e a extensão rural. Outra novidade será a apresentação do painel “Produção e Conservação do Solo e Água”, uma atividade aberta e voltada aos agricultores, cooperativas, sindicatos, que vai acontecer no primeiro dia do evento, às 19 horas, no Centro Universitário UNISEP. 

“Tradicionalmente e, até por ser um evento técnico-científico, a RPCS sempre teve a programação voltada para palestras e submissão dos trabalhos, mas este ano queremos debater a extensão rural um pouco mais, promovendo esta interação com a área da pesquisa. Nesse painel que será aberto à comunidade, caberá uma análise de o quanto e como o recurso natural solo vem sendo preservado, mantido ou recuperado”, enfatiza Paulo César Conceição.

O evento também vai disponibilizar um espaço para debates, nas sessões temáticas, destinado à Rede Paranaense de AgroPesquisa, a qual congrega pesquisadores de instituições públicas e privadas, em parceria com o governo do Paraná e o Sistema FAEP/SENAR-PR.

O retorno da erosão na última década, um dos principais problemas do campo, gerou a formação da Rede AgroPesquisa em 2015, para discutir estratégias direcionadas ao agricultor no sentido de tentar conter esse problema antigo no Paraná. A Rede vai destacar atividades desenvolvidas em 5 mesorregiões do PR.

Produtividade

De acordo com o professor Conceição, a busca por alta produtividade das culturas agrícolas deve estar aliada à conservação do solo, para garantir uma produção sustentável e, consequentemente,  trazer rentabilidade ao produtor. “O produtor precisa produzir com o mínimo impacto possível, para ter maior produtividade e rentabilidade”, enfatiza.

Entretanto, poucos produtores aplicam, em sua plenitude, os fundamentos preconizados pela agricultura conservacionista. Atualmente, segundo o professor, apenas entre 10% a 20% dos produtores rurais fazem os três pilares que caracterizam o Sistema Plantio Direto, como o revolvimento mínimo do solo, cobertura permanente e rotação de culturas.

“Hoje temos 33 milhões de hectares agrícola e se consideramos que 10% fazem o uso do SPD integralmente, temos em torno de 3 a 4 milhões de hectares trabalhado dentro do que é possível de uma agricultura conservacionista de ponta”, afirma o coordenador do evento, acrescentando que os outros 80% a 90% aplicam somente parte das premissas do Sistema Plantio Direto.

Para o professor, não há dúvida de que o SPD aumenta a produtividade. Ele exemplifica citando grandes recordistas de soja do Prêmio CESB, os quais produzem entre 118 sacas/ha a 150 sacas/ha, em suas áreas de testes. “Eles produzem o dobro do que a média nacional, porque fazem um plantio direto bem feito com palhada, rotação de cultura e o mínimo de revolvimento do solo”.

Isto significa que, se o produtor fizer realmente a agricultura conservacionista como ela é prescrita e não apenas parte dela, ele preserva o solo e será produtivo com rentabilidade. “Esse é um caminho sem volta. Caminhamos em termos de mundo para uma consciência coletiva em prol de uma sustentabilidade em todas as ações, desde as embalagens até o uso com parcimônia dos recursos produtivos”,  comenta o professor.

Erosão

Outro aspecto apontado pelo professor, refere-se ao terraceamento, uma técnica agrícola de conservação do solo que atua na contenção do escoamento superficial e processo erosivo do solo. Ao longo dos anos, os produtores abandonaram esta prática, retirando os terraços de suas propriedades por entenderem que, somente a palha, seria suficiente para conter a erosão.

O SPD é considerado a ferramenta mais eficiente para controle da erosão em áreas de culturas anuais. “E terraceamento e palhada com qualidade estão entre as práticas conservacionistas para driblar a erosão. Tanto é que na sua origem, o Plantio Direto era chamado de Plantio Direto na Palha, para dar essa ênfase de que precisava da palha sobre o solo”, explica.

Evento

Além das palestras, o primeiro dia da VIII Reunião Paranaense da Ciência do Solo traz a exposição de pôsteres e o happy hour científico, cuja ideia principal é juntar a confraternização com a exposição para troca de informações e networking entre os participantes.

No segundo dia está agendada a assembleia geral e a divulgação dos 25 trabalhos selecionados e premiados inscritos no evento. Ao todo foram 132 trabalhos inscritos. A organização do evento abriu espaço também para os patrocinadores colocarem estandes na área do evento visando interação com a Sociedade Científica.

Serviço 

VII Reunião Paranaense da Ciência do solo (RPCS)
Formato: híbrido – presencial e online
Data: 16 a 18 de maio de 2023
Local: Centro Universitário Unisep – Dois Vizinhos (PR)
Inscrições abertas até o dia 6: https://www.even3.com.br/rpcs2023/